'Personal gamers' dão aulas de jogos para quem quer aprender e competir


Gabriel Sguário, ciberatleta de 'Counter-Strike', dá aulas do game em escolinha virtual (Foto: Arquivo Pessoal) Como em qualquer esporte, uma vitória em um campeonato de games acontece no detalhe. Foi aquele último tiro certeiro, um golpe especial feito no momento exato contra o adversário ou uma tática desesperada, que dizimou o exército do jogador, mas que trouxe o primeiro lugar.

Como em qualquer esporte, também, os atletas do videogame também precisam treinar diariamente e aperfeiçoar técnicas para ter um bom desempenho nas competições. Para isso, entram verdadeiros "personal gamers", jogadores profissionais que dão aulas e trabalham justamente as fraquezas destes ciberatletas.

Na internet é possível encontrar diversos "professores" em games usados em competições oficiais como "Counter-Strike", "Starcraft II" e "Street Fighter", que cobram entre R$ 20 e R$ 60 a hora da aula, geralmente on-line. A escolha pelo meio virtual é uma forma de atender alunos de todo o Brasil. Usa-se o Skype ou outros programas de conversas por meio de vídeo e voz e o game em questão.

Academia dos jogos
"Mostramos replays de partidas de campeonatos ou do próprio aluno, apontando onde ele errou e depois o que ele deve melhorar na prática", conta Gabriel Sguário, 21 anos, ciberatleta profissional que dá aulas do game de tiro em primeira pessoa em equipes "Counter-Strike". Ao lado de seu colega de equipe Bruno Ono, de 26 anos, eles montaram a Games Academy , uma escola que ensina como jogar games.


Sguário, que compete profissionalmente desde os 14 anos e tem diversos títulos nacionais e internacionais, conta que as aulas começaram em 2011. "Fui dar uma entrevista para a TV e me perguntaram por que eu não dava aulas. Foi aí que surgiu a ideia. Pensei em como eu poderia ensinar a molecada. No começo dava aula sozinho para apenas um aluno e vi que elas eram um pouco chatas. Agora, a aula é em grupo e acontece quatro vezes na semana".

Segundo ele, a procura vai desde quem apenas está começando a jogar até quem já joga e quer aperfeiçoar a técnica. Até rivais já procuraram as aulas e os alunos também competem contra os professores. Elas são todas gravadas e ficam armazenadas  para que os alunos - ou curiosos - possam assistir para aprimorar suas habilidades. "Ensinamos desde como configurar o computador para que, em uma competição, ele fique igual ao usado no treino, até a parte tática, mostrando como usar cada mapa, e da mira".

No final de cada mês, os alunos devem participar de um torneio interno para colocar em prática tudo o que aprenderam. O "professor" conta que a escolinha cobra mensalidades de R$ 60 dos alunos e que a Games Academy chegou a ter 100 deles. A ideia da Games Academy é adicionar aulas de "Legue of Legends", 'Fifa" e "Starcraft II".


Ensinando estratégia"Starcraft II" é um dos games competitivos mais difíceis de se aprender a jogar e de se dominar. Dar aulas deste jogo de estratégia em tempo real da Blizzard é o desafio de Aderson Jamier, 28 anos, campeão brasileiro do jogo em 2012 .

As aulas começaram há um ano e meio e o ciberatleta já teve 20 alunos. Diferentemente de "Counter-Strike", as aulas de "Starcraft II" são sempre individuais. "Observando jogadores estrangeiros que faziam este tipo de serviço, pensei em começar a fazer também", conta.

O preço das aulas de Jamier custam R$ 50 por hora. "Tem alunos que pagam apenas por uma hora, outros por duas. Quem quer aprender de verdade paga 15 horas. Varia bastante de aluno para aluno. Ainda não dá para ganhar muito [dinheiro] com as aulas, mas já dá uma ajuda".

No caso de "Starcraft II", Jamier conta que os alunos que o procuraram são iniciantes no game, jovens em sua maioria. "Mas já teve gente de mais de 40 anos que quis ter aulas". Ele conta, também, que há alunos que não querem aula, apenas conversar um pouco.


Entre as matérias da aula estão o básico do game e táticas de combate. "Pego um replay de um jogo anterior do meu aluno e aponto onde ele errou e acertou. Às vezes ele acha que está fazendo certo observando outro profissional jogando, mas não consegue ver onde está errando. Mostro que ele usa unidades erradas ou vai por caminhos errados e mostro o ideal a ser feito.
Aderson Jamier, o Potiguar, dá aulas de 'Starcraft II' (Foto: Arquivo Pessoal)
 
Golpeando os adversários
Jogos de luta são muito mais complexos do que quem joga apenas contra amigos no final de semana imagina. Há toda uma arte por trás dos combates vistos em séries como "Street Fighter", "Mortal Kombat" ou "Tekken".


E para isso, Adson Okubo, conhecido como Saka, 28 anos, ensina o que deve ser feito para vencer as batalhas. Ele compete desde 2002 em campeonatos das máquinas de dança "Pump It Up" e agora joga títulos de luta como "Super Street Fighter IV". Ele já teve mais de 6 alunos e cada aula custa R$ 30. As aulas são marcadas por meio da página no Facebook de Saka .

"Comecei a dar aulas para incentivar o público e melhorar o nível dos jogadores no Brasil", conta. "Um jogo de luta não é apenas soco, voadora ou magia como todos pensam. Há muito o que aprender sobre cada golpe e cada sequência que se pode fazer para aperfeiçoar seu jogo. Estudando isso, quis passar para o público estes ensinamentos."

Em "Street Fighter", por exemplo, Saka ensina estratégias para cada um dos personagens do jogo e como eles devem enfrentar outros personagens. "A maioria já sabe o básicos do jogo. "Ajudo em técnicas para quando derrubar um personagem no chão e dar uma voadora no adversário sem tomar um contra-ataque. Técnicas para não tomar um agarrão. Cada herói tem técnicas diferentes que podem ser ensinadas."

Mais aulas no país
As aulas de games, segundo os entrevistados, ainda não atingiram grande popularidade no país. Um dos motivos é a falta de grandes competições, que colocariam as modalidades em evidência, e patrocínio para que houvesse mais gamers profissionais.


"Falta público. A procura tem que ser maior e temos que ter mais jogadores profissionais. Mais patrocinadores investindo em torneios e jogadores faria com que a comunidade crescesse", conclui Saka.
 Saka é professor de games de luta (Foto: Arquivo Pessoal)

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