O que será que o aflige? Quais são os seus medos e decepções? Descubra isto e muito mais nesta aventura única
Melhor: Ambientação soberba, trilha sonora marcante | Pior: Curta duração
Talvez
a melhor sensação que possa definir a experiência de terminar Dear
Esther é de ficar sem ar. Originalmente uma modificação para Half Life
2, este game independente ganhou uma legião de fãs ao redor do mundo
dado a um grande diferencial: “Dear Esther” não é exatamente um jogo,
mas uma narrativa interativa.
Em uma ilha, um homem narra uma
série de textos endereçados para Esther. Tais textos contam uma história
de dor, perda, saudade e solidão. Sua narrativa foi meticulosamente
escrita e funciona em um compasso perfeito. Porém, a interpretação de
sua mensagem será diferente de pessoa para pessoa. É um título para se
“pensar” por muitos dias.
Não há muito que falar sobre a
jogabilidade, pois ela consiste basicamente em movimentar seu personagem
por um caminho quase que linear. Não existem monstros para matar ou
segredos para desvendar: basta simplesmente explorar a ilha. Só são
utilizados os botões WASD, não há como correr, muito menos pular. Morrer
só é possível em um ponto específico por afogamento, mas só se for
muito descuidado.
Ele deve ser jogado com bastante paciência: fãs
de ação frenética devem passar longe. O grande trunfo mesmo está na
ambientação desta ilha misteriosa. Com a utilização da mesma versão da
Source Engine presente em Portal 2, os cenários passam a sensação de que
foram pintados a mão. Parece que cada arbusto ou cada passagem foi
meticulosamente posicionado para criar a melhor atmosfera possível.
Quem prestar bastante atenção aos detalhes da parte externa da ilha
terá uma surpresa assustadora, que não podemos revelar aqui (seria
spoiler, né...).
A trilha sonora se intercala com as peças de
narrativa, ao mesmo tempo em que passa uma sensação de reconforto.
Sente-se uma leve apreensão no ar a cada curva que se faz por meio das
encostas da ilha e uma nova melodia é introduzida. Uma sensação de que
algo poderá acontecer a qualquer momento, mas, realmente nada nunca
ocorre.
Nos momentos finais da jornada, o clima pesado adquire
ainda mais força, as notas musicais tocadas pelo piano se tornam mais
intensas e a sensação de estar sufocado, incomodado, piora ainda mais.
Sem revelar muitos detalhes, a escada que o jogador terá de subir para
conhecer o ultimo cenário da ilha tem uma carga emocional tão grande que
chega a trazer certo cansaço.
“Dear Esther” é possivelmente o
melhor exemplo da evolução da narrativa em games ao longo dos anos. É
impressionante como um simples caminhar em uma ilha possa trazer
momentos tão intensos e marcantes. Infelizmente, ao ser terminado, não
há muito mais o que se fazer, pois não existem novas revelações, nem
mesmo alguns extras como comentários da produção. Mas, ainda sim, é algo
completamente diferente do que se tem no mercado atualmente.
Nota: 8,5
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