Eram 10h30 de uma quinta-feira fria em Nova York, mas o vento gelado não era problema já que em menos de uma hora eu estaria vendo com exclusividade uma generosa demonstração de um dos jogos mais quentes da temporada: "Grand Theft Auto V".
Após uns quinze minutos de caminhada, com pausa estratégica para comprar um café, cheguei ao escritório da Rockstar, na parte sul da cidade, acompanhado de uma das assessoras da empresa. Fliperamas personalizados com quase todos os jogos da produtora se enfileiram na recepção, convidando o visitante a jogar umas partidinhas de "Bully", "GTA: Vice City", "Manhunt" e outros tantos títulos da casa - pena que não foi possível tirar fotos para mostrar a tentação.
Passam mais cinco minutos e logo sou levado a uma sala de conferência com uma enorme TV (creio que eram 60 polegadas de tela). Um convidativo "Press X to play" aparece na tela, mas não sou eu que aperto o botão e sim um dos três assessores da Rockstar que vão me guiar na minha primeira visita à Los Santos em alta definição de "GTA V".
O cartão de visitas é dos mais impressionantes: Franklin, um dos três protagonistas, prepara-se para pular de um avião e planar de paraglide. A vista é estonteante: de um lado é possível ver a cidade de Los Santos, com seus prédios e bairros de subúrbio, com enormes casas. De outro as praias do lugar, com as ondas quebrando.
Girando mais a câmera aparecem montanhas, florestas e animais andando pelo mato. Raios de sol passam pelas fendas dos montes, brilhando no rio que passa por baixo, fluindo de forma incrivelmente realista. "Está rodando direto de um PlayStation 3 mesmo?", pergunto, e um dos assessores responde que sim.
Boas vindas a Los Santos
Franklin plana vagarosamente entre as montanhas, aterrissando de forma abrupta numa estrada de terra. Ao lado do rio, um par de pescadores de final de semana testa a sorte, peixes pulam pela forte correnteza e alguns exploradores passam e cumprimentam o rapaz. De cara, parece ser um mundo bem vivo, mas este é só o início do passeio.
Logo em seguida sou apresentado ao sistema de troca de personagens em tempo real: ao toque de alguns botões a câmera se afasta de Franklin, proporcionando uma vista ampla do mapa, e volta a se aproximar agora de Trevor, o membro mais cômico do trio.
Não é à toa: encontramos o cara de cuecas deitado na praia, com garrafas quebradas e dois membros de uma gangue de Los Santos caídos no chão. Ainda cambaleando, Trevor levanta, caminha um pouco e embarca em um bote. Impossível não se impressionar com as ondas, que batem e carregam o bote com realismo, como se este fosse um jogo de corridas de jet ski.
Alguns veículos marinhos possuem equipamentos de mergulho, explicam os assessores. Felizmente é o caso deste bote e logo Trevor está alguns metros abaixo do mar. Alguns tesouros únicos podem ser encontrados aqui, explicam meus guias, mas só encontramos algas e... tubarões. Logo os bichos começam a circular ao redor de Trevor. Ele volta para a superfície, mas as icônicas barbatanas aparecem, sinalizando que ainda há perigo. Não importa, vamos deixar ele aí e conhecer o último cara do bando, o experiente Michael.
Encontramos ele saindo de um hotel luxuoso pelos arredores de Vinewood Blvd., uma das ruas mais movimentadas e glamourosas de Los Santos - que nada mais é do que uma recriação da Calçada da Fama de Los Angeles.
Já é noite e placas com luzes de neon brilham pela cidade, reluzindo nas ruas e calçadas. Michael se aproxima do que seria o Chinese Theatre em LA, onde acontecem diversas festas de lançamento de filmes de Hollywood, e se depara com um cara fantasiado de Republican Space Ranger, personagem de um desenho animado presente em "GTA IV". Ele saca seu celular, que agora vem equipado com uma câmera fotográfica e aponta para o cara de armadura, que se apronta e faz uma pose para o clique (as fotos podem ser publicadas no Rockstar Social Club, o serviço online da Rockstar, ou em outras redes sociais).
Andando um pouco mais pela rua Michael se depara com uma moça pedindo ajuda. Ela diz ser uma celebridade e que alguns paparazzi estão de tocaia ao lado de seu carro. Michael não reconhece a guria, mas aceita ajudar e ir buscar o carro.
Tal como acontece muito em "Red Dead Redemption", trata-se de uma missão que pipoca de forma aleatória no mapa e que você aceita ou não pelas suas ações, sem necessidade de ir até um checkpoint ou encarar uma tela de loading,
Ele assume o volante do bólido e pega a moça, que se aproveita de sua nobreza e pede para que ele a leve para casa. Contrariado, Michael aceita, mas tem de lidar com os fotógrafos, que partem para cima com tudo a bordo de uma motocicleta. Talvez seja influência da divertida série "Midnight Club", mas o controle dos veículos pareceu mais rápido e preciso - nada daquele incômodo estilo 'flutuante' de "GTA IV".
Claro, neste aspecto há uma boa diferença entre ver o jogo em ação e de fato jogá-lo, mas a primeira impressão que ficou sobre direção no game foi positiva.
As investidas são ferozes, mas o motorista é habilidoso e logo se livra dos incovenientes paparazzi. Michael chega na mansão de subúrbio em que a tal celebridade mora e sai do carro. Ela ainda oferecerá outras missões no jogo, explicam os assessores.
Três homens e alguns segredos
Agora que fui apresentado aos três personagens principais, verei uma missão completa. Mais especificamente trata-se de um 'heist', um golpe, um grande assalto. Mais do que isso, é um tipo de missão que pontua de forma importante "GTA V". Há várias delas e você pode realizar na ordem que quiser e da maneira que preferir. De maneira geral, os golpes lembram as situações vistas nos filmes da série "Onze Homens e um Segredo".
Aqui o trio deve roubar um carro-forte. Fantasiados com máscaras de animais, bem ao estilo "Hotline Miami", cada um assume uma função: um deles pilotará um caminhão de lixo que fechará o caminho do carro a ser roubado, outro pilota um reboque que vai trombar com tudo no carro-forte enquanto um terceiro dá cobertura do alto de um pequeno prédio. Para a fuga, vão usar um carro esportivo devidamente escondido pelas redondezas.
Tudo isto é armado pelo jogador em pequenas missões que acontecem antes do grande golpe e é justamente nestas etapas em que se define que tipo de abordagem usar, seja atacando tudo e todos, sendo sorrateiro ou algo diferente.
Inclusive, comentam os assessores da Rockstar, será possível contratar atiradores, motoristas e outros profissionais para ajudar nas tarefas mais complexas - mas aí são mais pessoas para dividir a grana roubada.
De volta à missão, o ataque ao carro-forte sai como planejado, mas em seguida o trio deve lidar com a chegada de polícia, que aparece com diversas viaturas e até helicópteros.
Com Michael e Franklin no solo deu para ver que agora é mais ágil andar e atirar ao mesmo tempo, enquanto o sistema de cobertura também foi refinado. Além disso, a presença de Trevor num ponto mais alto do mapa mostrou o lado estratégico do sistema de três protagonistas, já que jogar com ele permitia alvejar alguns inimigos com um rifle de franco-atirador e derrubar helicópteros com um singelo lançador de foguetes.
Assim como no comando dos carros, o controle de armas pareceu mais afinado, com alguns detalhes visuais sutis, mas úteis, como a mira ficando vermelha ao ficar sobre um inimigo e um rápido X aparecendo para sinaliar que ele morreu.
Ao fim da sessão de troca de balas, o trio vai até o esconderijo do carro esportivo, queima o reboque usado na emboscada e foge para o fim da missão e, infelizmente, o fim também da minha demonstração.
Comentários